Santa Maria dos Olivais:
uma freguesia património de Lisboa
A
freguesia de Lisboa foi criada em 6 de maio de 1397,
pelo Arcebispo de Lisboa, D. João Anes, e confirmada
por bula de 1 de julho de 1400,
do Papa Bonifácio IX.
A
formação da nova unidade eclesiástica fez-se com terras do Termo de Lisboa.
Muito anteriormente, porém, as mesmas terras pertenciam aos arrabaldes
citadinos, para lá de Chelas, com a Marvila das mesquitas
mouras na posse do Bispado desde 1149;
e, presumivelmente, à freguesia de Sacavém, constituída no século XII, talvez nos sítios dos
Marcos, da Encarnação e da Portela. Limites vagos e
oscilatórios.
Doado
à capital em 1385, por D. João I, em recompensa
de serviços prestados à Nação e à Realeza, esse Termo era assim mais ou menos condensável: «todo
o território do reino compreendido entre oceano atlântico, por
oeste; o mesmo oceano e rio Tejo, pelo Sul; o mesmo rio por leste;
e limitado ao norte, talvez, pelo rio Alcabrichel, do lado do oceano, e pela ribeira da Ota, do lado do Tejo». Logo então, consequentemente, a área da futura
freguesia ficara sob a alçada municipal administrativa e policial da cidade.
Esta situação perdurou até ao século XIX.
Se
foi favorável a Lisboa, a doação do Mestre de Avis terá
desagradado a D. Nuno Álvares Pereira,
senhor dos reguengos de Sacavém, Unhos,
Frielas e Charneca, que apelou para
o monarca. Mas, por carta de sentença da era de 13 de abril de 1429,
o rei
encarou sensatamente a reclamação do grande militar harmonizando os respetivos
interesses: «julgamos q.a dita cidade aja
as jurisdições dos ditos lugares liuremente, e husse dellas sem embargo das
cartas das doações mostradas da parte do dito conde (estabre), e ssem embargo
daquilo q. da sua parte he dito» .
Desconhece-se
a data da construção da igreja matriz. Pelo ano da formação da freguesia,
contudo, podemos localizá-la, pelo menos, no século XIV, sem menção do seu ou dos seus fundadores. Parece
lendário o fato, mantido pela tradição, da imagem da padroeira ter sido
encontrada na cavidade de um tronco de oliveira, ocasionado o batismo da nova
jurisdição: de Nossa Senhora ou de Santa Maria dos Olivais. No entanto, foi
conservado na sacristia, até 1700, o referido tronco, que o vigário da época
mandara arrancar e recolher.
A
proximidade de Lisboa, beneficiava, portanto, a nova freguesia, cuja área acusava imensos aglomerados; mas, em
contrapartida, devesse-lhe também a lentidão progressiva do centro ocupado pela
igreja, parte da modesta aldeia olivalense, em contraste com o
aproveitamento mais acelerado das zonas periféricas, mormente das encostadas ao
Tejo, para cá do Cabo Ruivo, consideradas, desde os primórdio, lindas cercanias
oliponenses.
Ainda
assim, o ponto escolhido para erguer o templo
- restaurado nos séculos XVI e XVII, reconstruído depois de 1755
e outra vez renovado no século XIX - é sensivelmente equidestante
dos limites de Sacavém e da praia (portas de entrada e de
saída), e domina o vale ajoelhado, até à pouco tempo, ao sopé do Vale Formoso
de Cima, da Laje e da Aldeia. E o fato não parece meramente acidental.
Nossa
Senhora dos Olivais teria ficado a dever-se a solicitações da respetiva
população, pela impossibilidade de participar do culto das igrejas de Lisboa
e de Sacavém, muito afastadas e dependentes de péssimas ligações,
sobretudo no inverno, como aconteceu com a Charneca, em 6 de novembro
de 1511; e nela serviram três Irmandades, sob os nomes de Nossa Senhora do Rosário,
das Almas e do Santíssimo, das quais só resta, atualmente, a última. Assim
aconteceu também em Camarate, quanto ao número e à denominação
das confrarias.
In wikipédia.
Sem comentários:
Enviar um comentário